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Guillermo Kahlo é mais conhecido por ser o pai e um dos fotógrafos da pintora mexicana Frida Kahlo. O que realmente é uma pena, pois ele fez um trabalho extraordinário como fotógrafo nas três primeiras décadas do século XX. Guillermo foi o primeiro fotógrafo oficial do Patrimônio Cultural do México.
O fotógrafo exerceu uma grande influência tanto sobre a vida pessoal quanto a vida profissional da filha, Frida Kahlo. Foi ele quem cuidou de sua filha favorita quando ela tinha 6 anos e teve poliomielite e após o grave acidente de bonde que a pintora sofreu quando tinha 18 anos. E foi com o pai que Frida aprendeu a superar e conviver com a dor, já que ele também era um homem doente e sofria de epilepsia.
Em sua vida profissional, a pintora também teve uma grande influência do fotógrafo Guillermo Kahlo. Desde criança Frida sempre teve um grande interesse por arte, principalmente fotografia. O pai a ensinou todo o processo fotográfico e a artista passava várias horas do seu dia com ele na câmara escura.
Guillermo foi também uma das pessoas que mais fotografou a pintora. Neste artigo falaremos sobre quem foi o pai de Frida Kahlo.
Carl Wilhelm Kahlo nasceu em 26 de outubro de 1871, em Pforzheim, na Alemanha. Em 1890, após a morte de sua mãe e casamento de seu pai com uma mulher de quem não gostava, Carl se mudou para o México. Alguns anos depois casou-se com María Cárdena Espino, naturalizou-se mexicano, mudando o seu nome para Guillermo e nunca mais retornou para seu país Natal.
Sua primeira esposa morreu quatro anos depois do casamento ao dar à luz a segunda filha do casal. No ano seguinte, casou-se com Matilde Calderón y Gonzalez, filha de um fotógrafo de ascendência indígena. Com ela teve quatro filhas, entre elas Frida Kahlo.
Foi Matilde quem convenceu Guillermo a virar fotógrafo, profissão de seu pai.
Com o pai de Matilde, seu sogro, viajou o México e produziu uma coleção de fotos da arquitetura indígena e colonial. As fotografias foram encomendadas pelo governo e ilustraram publicações de luxo para a celebração do centenário da independência mexicana. Este foi provavelmente um de seus mais importantes trabalhos.
Um anúncio de seu trabalho dizia:
"Guillermo Kahlo, especialista em paisagens, edificações, interiores, fábricas etc., tira fotografias sob encomenda na capital ou em qualquer outro lugar da República".
Apesar de fotografar a sua família e alguns membros do governo, Guillermo não gostava de fotografar pessoas "pois não desejava melhorar o que Deus criara feio".
Em 1904, o pai de Frida Kahlo já era um fotógrafo renomado no México e tinha um emprego estável. Comprou um pequeno pedaço de terra da fazenda El Carmen, que havia sido dividida em lotes e construiu sua casa em Coyoacán. Casa que se tornaria a famosa Casa Azul e hoje Museu Frida Kahlo.
Alguns anos mais tarde se tornou fotógrafo industrial. Suas últimas fotografias foram feitas 5 anos antes de sua morte para a Fundição Monterrey, a primeira siderúrgica da América Latina. Essas fotografias ilustraram anúncios e ficaram arquivadas nas empresas.
Sua obra encontra-se na Fototeca Nacional (Biblioteca Nacional de Fotografia). É a fonte mais importante de informação no estudo da herança arquitetônica colonial e das construções religiosas. Estudada do ponto de vista estético, finalmente recebeu o reconhecimento merecido de sua contribuição para a fotografia mexicana.
Guillermo Kahlo era um homem de poucas palavras e embora ansiasse por aceito como mexicano, nunca se sentiu em casa no México. Ele não era um homem expansivo e afetuoso, apesar disso, Frida era sua filha preferida. Ele sempre dizia que ela era a sua filha mais inteligente e a que mais se parecia com ele.
O fotógrafo era muito atencioso com a sua filha predileta e estimulava seu lado intelectual emprestando os livros de sua biblioteca particular. Quando Frida cresceu, compartilhou com ela seu interesse pela arqueologia e arte mexicanas e ensinou-a tudo relacionado a fotografia, inclusive revelar e retocar as fotografias. A meticulosidade do pai apareceria em sua pintura anos mais tarde.
Frida, assim como muitos outros artistas, teve sua carreira influenciada pelo pai que era pintor e fotógrafo. Depois que contraiu poliomielite e foi cuidada pelo pai, seus laços sentimentais ficaram ainda mais estreitos. Ambos eram pessoas doentes e solitárias. (Seu pai tinha ataques epiléticos desde os 18 anos, quando sofreu uma queda).
Como Guillermo não teve nenhum filho homem, depositava toda a sua esperança em Frida. Como ele teve sua vida acadêmica interrompida após se mudar para o México, acreditava que a filha favorita deveria se preparar para seguir uma carreira. Sendo assim, a matriculou na Escola Nacional Preparatória em um programa de estudos que a deixaria em condições de ingressar em uma faculdade de medicina.
Quando Frida se casou com o muralista Diego, ele relembra que o sogro se divertiu muito no casamento de sua filha favorita, e no meio da cerimônia ele se levantou e disse: "Cavalheiros, não é verdade que estamos todos fingindo?"
Muitos anos depois, Frida escreveu em seu diário:
"Minha infância foi maravilhosa porque, embora meu pai fosse um homem doente (tinha vertigens a cada mês e meio), para mim ele era um imenso exemplo de ternura, de trabalho (era fotógrafo e pintor) e, acima de tudo, de compreensão dos meus problemas".
A morte de Guillermo, em 1941, foi um momento muito trágico para a pintora.
Mais de dez anos depois de sua morte, Frida decidiu pintá-lo no quadro que se chamaria Retrato de meu pai Wilhelm Kahlo, 1952. O quadro foi baseado em um retrato que Guillermo havia tirado de si mesmo. Na parte inferior da pintura, a artista escreveu:
"Pintei meu pai, Wilhelm Kahlo, de origem húngaro-alemã, artista fotógrafo de profissão, de caráter generoso, inteligente e refinado, e valente porque sofreu durante sessenta anos de epilepsia, porém jamais deixou de trabalhar e lutou, com fervor, contra Hitler… Sua filha, Frida Kahlo".
Tanto em seu diário, quanto em todas as cartas que escreveu e em conversa com os amigos íntimos, Frida sempre demonstrava grande afeto por seu pai, o qual se referia como um homem muito inteligente e de andar muito elegante. Seja na personalidade ou em sua obra vemos claramente a influência marcante de seu pai. Sua meticulosidade e a tendência a fazer retratos de si mesmos.